domingo, 12 de agosto de 2012

Por que buscar a Independência Financeira?






É complicado escolher uma imagem que ilustre a sensação de IF para nós. E talvez para quem não pensa em dinheiro passivo, é até estranho o que vamos dizer; mas o que buscamos é poder viver exatamente com o que poderíamos desfrutar hoje, mas sabendo que é algo que ninguém poderia tirar da gente.

Pelo nosso ramo de atuação, poderíamos tirar facilmente 3 férias de 15 dias por ano, que para nós seria bem legal. Claro que poder ficar de férias para sempre é melhor, mas podendo tirar férias a cada 4 meses, e ainda poder curtir feriadões de até 5 dias algumas vezes no ano, já seria muito bom. Isso porque trabalhamos nas nossas áreas de formação e gostamos do que fazemos, mas com certeza depois da IF deixaríamos os postos mais trabalhosos e seríamos só mais uns no meio do povão, sem muito destaque, sem muita responsabilidade, sem muito estresse.




Outra opção é parar completamente de trabalhar, e aí quem sabe nos mudarmos para uma cidade litorânea e gerir nossas finanças da praia :)
O "problema" disso é que deixaríamos de presente pro governo tudo que contribuímos com a previdência, e se até lá isso ainda existir, deixaríamos pra trás uma graninha de uns 9k/mês (valores de hoje). Pode parecer estranho alguém do nosso meio levar isso em consideração, mas o fato é que não contamos com esse dinheiro.  Nossos planos só consideram nossos investimentos, mas...

Considerando a opção da semi-aposentadoria, já estaríamos trabalhando no que gostamos (hoje já é assim, mas com muita responsabilidade), e com isso estaríamos recebendo um bom salário além do passivo. Poderíamos então tirar as tais 3 férias anuais e curtir feriadões, o que nos deixaria com uma vida mais "leve" e tranquila. Ah, além disso, provavelmente estaríamos trabalhando meio período, tinha esquecido de comentar essa possibilidade. Somando tudo isso acho que podemos não parar de trabalhar sem perder qualidade de vida. Até porque quando a mente para de ser desafiada a gente via ficando mais burro.


Mas e o tempo até lá?





Começamos em 2010, com 1k por mês. Fizemos a conta mais tosca possível: 1k/mês durante 30 anos, com rentabilidade da poupança antiga daria 1M. Simples assim. Obviamente isso não ajuda muito, mas é importante começar a investir - ou pelo menos poupar - assim que a ficha cair. Depois a gente pensa melhor em como investir o dinheiro.

Por exemplo a gente fez uma conta simples, onde investíamos 1k todo mês com rentabilidade de 0,5% (poupança antiga) ou a 0,8% (rentabilidade que consideramos boa). A diferença em 3 anos foi de R$ 2.192,62, e chamamos isso de o preço do aprendizado. Ou seja, mesmo passando 3 anos com essa rentabilidade pequena, a diferença não é significativa. Isso nos ensinou algo importante: não adianta se esforçar para conseguir uma excelente rentabilidade em pouca grana, melhor conseguir mais grana pra investir. Sabemos que 0,8% a.m. não é considerado excelente para a maioria das pessoas, mas por segurança fazemos nossas projeções com 0,65%, ou seja, 0,8% para nós beira o excelente.

Isso foi importante porque sou meio viciado em ler e estudar sobre finanças, e estava lendo um livro atrás do outro. Mas depois dessa constatação, o foco passou a ser em aumentar a renda. Graças a Deus tem dado certo e hoje nossos aportes são de 3,2k obrigatórios, mas sempre sobra um "chorinho" nos fim do mês e então investimos também. Desde que tivemos nosso último aumento temos aportado mais de 5k por mês, mas faz pouco tempo que essa mudança aconteceu, então ainda não fez muito resultado.

Pelo plano de 1k durante 30 anos a previsão era 1M quando a gente tivesse quase 60 anos, agora ajustando os valores a previsão é 1M antes dos 45 anos.


Quanto dinheiro é necessário?




Aqui entra a complicação :)

Como boa parte da galera, acreditamos que o importante seja o fluxo de caixa, mas até lá estamos investindo em aumentar os aportes e em criar uma poupança para termos parte da grana com boa liquides. Como ainda estamos muito no início do nosso trajeto (~ 65k), ainda não temos diversificação, e como ainda estamos dentro da janelas dos 3 anos de aprendizado (que comentei há pouco), nem estamos muito encucados com isso.

O que podemos dizer é que nosso maior investimento por enquanto tem sido em criar uma certa massa de grana para podermos investir melhor. Nosso objetivo é conseguir manter o nosso salário de hoje sem precisar lidar com tantas complicações no dia a dia. Ou seja, se nossa renda caísse de 15k (ainda não está nisso) para 7k depois da desacelerada (ou semi-aposentadoria), precisaríamos de um fluxo de caixa passivo de 8k, por isso talvez 1M fosse suficiente.

Então a gente falou, falou, falou e acabou chegando no mesmo número mágico que todo mundo persegue. Mas mais do que o valor em si, o interessante é o efeito psicológico disso. É um número fácil de mentalizar, e tem nos mantido focados. Mas como estamos muito longe disso, vamos buscando os valores menores primeiro. Por exemplo há pouco tempo estávamos pensando em passar da barreira psicológica dos 50k; então acabávamos economizando para no fim do mês ter uma graninha a mais para "comprar" essa cifra.

O legal disso é que por mais que não deixemos de comprar um ou outro eletrônico da moda, acabamos querendo comprar "cifras". Ou seja, em vez de pagar 2k em algo, pode ser mais interessante usar esse dinheiro para arredondar 65k, por exemplo. De qualquer forma acho que está claro que não somos poupadores patológicos que querem dinheiro pelo dinheiro. Esse exemplo é um fator motivador, mas como já falamos nesse e nos outros posts, não deixamos de viver enquanto a IF não chega.

Se deixar eu escrevo infinitamente, então vou parando por aqui. Conforme os comentários forem surgindo a gente vai explicando melhor algo que não tenha ficado claro mesmo com todo esse texto.
E assunto é o que não falta, por isso mesmo muitos posts virão =)

Abraço a todos.

16 comentários:

  1. Ola TI
    Legal ler sua historia.
    Tenho 2 comentarios que gostaria de fazer:
    - nao espere muito para iniciar seus investimentos. Por mais que lemos e nos informamos, o mercado esta sempre em mutacao, portanto quanto antes iniciares as aplicacoes, antes teras conclusoes para avaliacoes.
    - nao esquece que um milhao daqui a 15 ou 20 anostera muuuuito menos poder de compra que hoje. Importante leb=var a inflecao em conta nesses calculos de longo prazo.
    Abraco e vou continuar acompanhando a jornada de vcs.

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    1. Vamos ver se publicamos como está nossa carteira, é basicamente TD e poupança pela liquides.

      Sobre a inflação nossa estratégia tem sido corrigir os aportes ou pela inflação ou pelo aumento dos nossos salários, sempre o que for maior e arredondando para cima. Acreditamos que fazendo isso sistematicamente também manteremos nosso poder de compra, pois o 1M é o valor hoje, até lá será mais que isso.

      E estamos acompanhando teu blog, parabéns atrasado pelo 1M =)

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  2. Legal seu post...
    Quanto à taxa segura de retirada, o Viver de REnda fez uns posts muito legais sobre isso no passado... Creio que a % ideal fique entre 3-4% do total da carteira... Para não comprometer o principal e repor as perdas inflacionárias...
    .
    Abraço,
    Max

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  3. TI,
    só uma observação:
    "O "problema" disso é que deixaríamos de presente pro governo tudo que contribuímos com a previdência"

    Vc pode continuar contribuindo com a previdência publica mesmo não trabalhando. Basta pagar. Aí vc não perderia o já investido e manteria o direito da previdencia.
    Dê uma estudada sobre isso.

    abs

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    1. É uma boa ID, confesso que não tinha parado para pensar nisso, até porque ainda tá bem longe :)

      Mas o correto é pensar em tudo mesmo. O bacana de começar o blog é que sempre temos dicas de quem sabe mais do que a gente. Vamos dar uma estudada a respeito disso, mas como gostamos do que fazemos, provavelmente a ideia da semi-aposentadoria ainda vai ser uma opção bem forte.

      Outro detalhe é que temos mais de um tipo de previdência, então é mais coisa pra estudar. De qualquer forma tempo até lá é o que não falta. Valeu!

      []s

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  4. Colega, creio que no seu cálculo você está desconsiderando a inflação.
    Qualquer cálculo para IF de longo prazo e geração de fluxo de caixa só é consistente se considerar apenas a rentabilidade real, não apenas a nominal.
    É importante levar isso em consideração, pois um milhão de reais daqui a 15 anos terá um poder de compra muito menor do que um milhão hoje.
    Há artigos interessantes sobre TSR (taxa segura de retirada) no blog Viver de Renda. Aliás, esse é o melhor blog sobre investimentos que eu já vi.
    Abraço

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    1. Então, conheço o blog do VR, na verdade foi o primeiro do gênero que lemos. O que talvez não tenha ficado claro é que nós atualizamos os investimentos pela inflação. Então acaba dando na mesma.

      No nosso primeiro post falamos que sempre atualizamos os valores depositados baseado na inflação ou no nosso aumento de salário, o que for maior. Até hoje tem sido sempre o segundo caso, mas estamos começando. De qualquer forma, no mínimo vamos aumentar os aportes um pouco acima da inflação.

      Mas valeu pelo comentário e pelas indicações de leitura.

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  5. Para matar a pau esse problema de cálculos de inflação eu usei a planilha elaborada pelo HC.

    http://hcinvestimentos.com/2010/11/02/a-melhor-planilha-para-planejamento-financeiro/

    Abraços!
    Ganhando Muito

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  6. Olá GM, vou dar uma olhada na planilha, mas como eu disse nos comentários anteriores, eu até posso calcular isso na minha planilha, só que em vez de considerar a inflação na rentabilidade eu tenho considerado na correção dos aportes.

    Sinceramente achávamos que essa prática era mais comum, mas pelos comentários não é.

    Abração

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    1. Você corrige os aportes pela inflação né? E o dinheiro que já está investido, como faz? Essa planilha te da a opção de corrigir os aportes, o montante, calcular o ir, um aumento anual nos aportes, e comparar planos.

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    2. Acredito que na prática vou estar com um ano de desvantagem em relação à inflação, mas pelo menos não é tão mal assim. Mas com certeza a tendência daqui pra frente é "profissionalizar" mais essa gestão. Vou dar uma olhada nessa planilha.

      Valeu GM, abraço.

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  7. A ideia da semi aposentadoria é, na minha opinião, a mais racional de todas. Dificilmente conseguiremos ficar sem nenhuma ocupação, então trabalhar (de uma maneira mais saudável) faz parte da manutenção da saúde de uma pessoa. Por outro lado, ter uma porcentagem considerável das despesas sendo pagas por renda passiva trará muita segurança.

    Tb não consigo chegar num número ideal pra me considerar independente financeiramente. Há inúmeras variáveis, boa parte delas nos fogem do controle, então não dá pra chegar num número certo.

    Manter-se no mercado de trabalho é uma segurança, que se algo der errado, dá pra se virar.

    Um abraço!

    Corey

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    1. Assim como você, além da semi-aposentadoria, também acredito que o efeito psicológico os números ajuda muito nessa longa jornada, por isso buscamos um número mágico de 1M.

      Até chegar nele, por causa da inflação, o número será outro... mas é bacana correr atrás de algo menos abstrato.

      []s

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    2. Colega, você disse que espera uma rentabilidade de 0,65 ao mês no seu tópico, entendi que essa era uma rentabilidade nominal, pois nem o CDI está dando isso nominalmente. Entratanto, você disse que leva a inflação em consideração, pelo que entendi pela correção dos aportes, assim, uma taxa real de 0,65 ao mês é extremamente alta, se não for irreal para investimentos conservadores e mesmo de risco médio.
      Eu trabalho com uma taxa de juros reais de 1,5% ao ano. Sim, é bem baixo. Se eu tivesse um retorno de 0,5% ao mês real, eu já poderia viver apenas de rendimentos.
      Minha fala é apenas para alertá-lo de que o cálculo da inflação é tão importante quanto aportes e rentabilidade, não é uma crítica.
      Pelo que entendi você é satisfeito no seu trabalho, então isso é mais tranquilo para juntar um patrimônio. E você também possui o apoio de sua mulher, o que é muito bom. Sendo assim, está no caminho certo.

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    3. Olá, na verdade é mais ou menos isso que você disse. A rentabilidade de 0,65% a.m. é bruta, não considera a inflação. Para manter o meu poder de compra eu corrijo meus aportes. O efeito disso é mais psicológico do que prático.

      Por exemplo se eu desconto a inflação da rentabilidade, nas contas eu levarei mais tempo para chegar a 1M em dinheiro de hoje. Porém eu fazendo a correção dos aportes, e deixando a rentabilidade bruta, chegarei bem mais rápido em 1M desvalorizado, mas levarei o mesmo tempo para chegar em 1M de hoje, que até lá pode 1,5M, por exemplo.

      E pode ficar tranquilo que mesmo se fosse uma crítica seria muito construtiva. Acho que faltou apenas explicar melhor essa forma de correção.

      Agora se alguém perceber que essa linha de raciocínio está errada, favor alertar :)
      Até onde vejo é mais uma diferença psicológica.

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